A redenção chega quando você entra no bar, e o dono (seu camarada), sem falar nada, já te serve aquela cerveja gelada do jeito que você gosta. Não há quem resista. Isso é panacéia para qualquer resgate da auto-estima. Desarma o sujeito. É sublime o exato momento em que desce o primeiro copo pela garganta. Um banho na alma... sensação de alívio. Uma amiga certa vez soltou uma pérola: “enquanto as pessoas fazem análise eu vou para o buteco”. Cá pra nós, quer Freud melhor que o cara que te atende no balcão?
Parece que isso não é diferente em lugar nenhum do mundo ocidental. Seja nos butecos do Brasil ou nos pubs da Europa e da América do Norte. A diferença é só no formato mas a essência é a mesma. Trabalhei no bar de um restaurante mexicano quando cheguei por aqui. Me lembro de um professor aposendo que tinha cadeira cativa no segundo assento do balcão. Aos poucos fui conhecendo suas manias. Demonstrava ser uma pessoa solitária. Sempre tinha um livro nas mãos. E depois de algumas cervejas, na pausa da leitura, me convocava para uma conversa. E ali, entre a preparação de um drinque e outro, eu dava a atenção que ele buscava. Tentava, muitas vezes sem sucesso, responder suas angústias. E mesmo assim, me rendia uma generosa gorjeta pelo divã.
Gostei do texto. Boa foto. Encaixou como o cotovelo no balcão: o horário do relógio, as mulheres andando e a frase da Guinness. Valeu!
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