quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Enquanto é tempo

Na fotografia
pincei fragmento

de um instante

que não existe mais.

Inexorável tempo....

não há o que te segure.

Quanta velocidade!

Por Lenício Siqueira (texto e foto)

Alta Fidelidade HI FI

Difícil a vida de quem fica em Belo Horizonte no Carnaval por ter que trabalhar ou por não gostar da muvuca momesca pelas tristes variações funqueiras e baianas assimiladas à festa. O que fazer para manter a tradição diária de tomar uma cerveja, com tantos bares – até mesmo os famosos por relutarem ao máximo em fechar suas portas nas altas madrugadas – em completa hibernação? Uma boa saída é o Bar Bias, antigo Hi-Fi, também conhecido com Boêmio's (os garçons não sabem explicar o motivo do apelido, que é mais ou menos óbvio pelo estilo dos frequentadores). A cerveja é gelada e a comida, ótima. Qualquer filé ou massa pode ser pedido sem susto. A Alessandra não gostou do ovo que veio em um Caol que pedimos, mas o conjunto da obra, afirma, estava bom. Para mim, sem defeitos. Não sei dizer quanto ao tira-gosto. Minha amiga Simone Johnnie Walker falava muito bem da porção de palmito. De quebra, no Boêmio's, você pode conhecer o "seu" Nonô, um advogado de aproximadamente 90 anos que mora na região. Não se engane se passar pela área durante o dia e encontrá-lo tomando sorvete de limão ao lado da mulher. O negócio de ambos é a cana, à noite, no Boêmios. "Seu" Nonô prefere o estilo "pura". Já a mulher, vai de caipirinha. O marido raramente sai de perto da companheira, a não ser para uma ou outra gracinha dirigida às beldades que passam por lá. Tudo sem qualquer recriminação por parte da esposa. Se aparecer por lá e conhecer o casal, preste bem a atenção em ambos. Pode ser que você tenha a sorte de chegar como eles a esta etapa da vida.
O Boêmio's fica na Bias Fortes a meio quarteirão da Praça Raul Soares.

Por Leonardo Augusto
Foto: Lenício Siqueira

Deus é testemunha

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Bodeguita de la revolucíon – Capítulo 3


Em Havana, tinha todo um roteiro de lugares que levei anotado para conhecer. Por outro lado, pisando na Ilha, criei um outro roteiro para uma tarefa que estava na minha cabeça: derrubar a tese de um monstro da literatura mundial. E a minha luta era provar que Ernest Hemingway estava errado ao escrever na parede do mais famoso buteco de Cuba a seguinte frase: “my mojito in La Bodeguita / my daiquiri in El Floridita”.
O daiquiri é uma bebida simples e pode ser comparada à nossa caipirinha, levando apenas rum branco, suco de limão e uma pitada de açúcar. Não é drink que se toma de forma corriqueira entre os cubanos. É mais para restaurantes voltados a turistas e hotéis. Por já conhecê-la, preferi me ater ao mojito para tentar desmascarar o mestre da obra marcante “O Velho e o Mar”, que por ter sido frequentador assíduo, transformou o bar Bodeguita del Medio e o restaurante La Floridita nos mais famosos de Cuba.
Assim como Che e o charuto são os maiores garotos-propaganda do regime cubano, o mojito também tem seu lugar. A bebida é uma combinação perfeita para o paladar em ambientes quentes, como é o caso do Caribe: run branco, suco de limão, açúcar, água e hortelã. Em Havana, as pessoas costumam dizer que o cubano já sai da barriga da mãe sabendo dançar, cantar e tocar um instrumento. Poderia também ser verdade dizer que todo cubano, ao chegar à adolescência, sabe fazer um mojito.
Na minha tarefa árdua de desmentir Hemingway, tomei mojitos em vários lugares: hotel, bares, shows, lanchonetes, restaurantes etc. Após uma semana, podia dizer que era um profundo especialista na bebida.
Agora faltava a prova de fogo: tomar o mojito do La Bodeguita del Medio. Lá, o barman prepara, numa só tacada, 20 mojitos sem qualquer dificuldade. Ele o faz no balcão do bar mesmo.
Consegui arrumar um cantinho na Bodeguita – lotada de turistas europeus e suas câmeras irritantes –, paguei quatro pesos convertidos pelo meu mojito e degustei.

Desculpe, Hemingway, por desconfiar de ti.

Por Gustavo Nolasco

Música de buteco... Guantanamera

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Bem-vindo ao mundo do bacalhau


Um mundo de sabores se abre quando a vedete da mesa é o bacalhau. Do mais prosaico bolinho, preferência nacional em bares e botecos, até as tradicionais bacalhoadas, presentes nas casas dos brasileiros, geralmente, aos domingos ou na Semana Santa.
Fato é que esse saboroso peixe nórdico, milenar na sua história, revolucionou a alimentação em todo o mundo. O método de conservação da carne à base do sal garantiu comida a todos os desbravadores que navegavam dias e dias pelos mares em busca de novas conquistas.
Vindos da Europa, os portugueses nos ensinaram a comer e a preparar esse peixe seco em suas variadas receitas, o que acabou nos introduzindo uma identidade portuguesa ao bacalhau, preparado à base do azeite, azeitonas e batatas. Isso, no entanto, não nos impede de experimentar o novo, combinando especiarias e ingredientes jamais usados nas receitas tradicionais como curry, gengibre, cogumelos e leite de coco.
Há quem proteste, mas nada melhor para surpreender os tradicionalistas do que esta deliciosa receita de bacalhau com um toque bem oriental. O preparo é prático, basta seguir o passo-a-passo. O resultado, uma explosão de cores e sabores.

Ingredientes
1 kg de bacalhau dessalgado, limpo e em lascas grandes
1 kg de batata bolinha cozida sem casca
2 cebolas picadas
10 champignons de Paris e seis shitakes fatiados
3 pimentões coloridos (verde, amarelo e vermelho)
1 colher de gengibre ralado grosso
2 colheres de curry
250 ml de leite de côco
Azeitonas verdes e pretas
Azeite à vontade
Pimenta-do-reino a gosto (triturada e em grãos)

Modo de preparar
1 - Numa panela ampla, esquentar o azeite e fritar, por alguns minutos, parte das cebolas e pimentões cortados em tiras finas (Julienne) e o gengibre.
2 e 3 - Em seguida, acrescentar as lascas de bacalhau e mais outra parte das cebolas e pimentões.
Regar com azeite.
4 - Deixar mais alguns minutos e acrescentar as batatas previamente cozidas, os cogumelos e, por último, o restante das cebolas e pimentões. Pimenta a gosto.
5 - Cobrir com o curry dissolvido em um pouco de água. Ralar um pouco mais de gengibre por cima. Deixar cozinhar mais alguns minutos e distribuir as azeitonas na panela. Evitar mexer para o bacalhau não desmanchar.
5 – Por último, acrescentar o leite de côco e esperar o caldo engrossar.
Para quem quiser navegar pelo mundo do bacalhau, seguem esses endereços:
www.1001receitas.com
www.bacalhau.com.br

http://www.noruega.org.br/culture/Bacalhau/

Por André Gobira (texto e foto)

Parede de Mictório

Mesmo que a rota da minha vida
me conduza a uma estrela,
nem por isso fui dispensado
de percorrer os caminhos do mundo

Por José Saramago

Música de buteco... Bacalhau

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Postos de combustível


O sistema de distribuição de bebidas alcoólicas do Canadá diferencia de acordo com as leis específicas de cada província. Em Quebec, por exemplo, é muito parecido com o Brasil. Encontra-se bebida nos supermercados e nas lojas de conveniência. Já aqui em Ontario, o caminho das pedras é outro. Se quer comprar um etílico para levar pra casa, existem lojas exclusivas para isso. A Beer Store, de propriedade das 3 maiores companhias de cerveja do país, é responsável pela distribuição de mais 300 marcas da loirinha (entre nacionais e importadas). Ao entrar numa loja dessa, a percepção que se tem é que você está nos jardins do Éden, diante de tanta tentação.
Já para os vinhos, destilados e cervejas em menor quantidade, existem as lojas da LCBO (Liquor Control Board of Ontario). Essas são as conhecidas liquor stores, controladas pelo governo. Elas estão espalhadas por toda a cidade. Mas é preciso ficar atento nos horários de funcionamento.
E para que não seja pego de surpresa, nesses períodos de inverno rigoroso, o melhor a fazer é manter o estoque de “combustível” sempre em dia.

Por Lenício Siqueira (texto e foto)

Cariocas do Prado

Você imaginaria dois cariocas perfeitamente adaptados a terras mineiras a ponto de montarem um típico buteco belorizontino, com tira-gosto simples, bom e regado a cerveja gelada? Se desconfia que isso possa ocorrer, vá ao bar dos Porretes, no Prado. Os irmãos Xóbrio e Pórrio, como são conhecidos os donos do bar – apelidos que vieram naturalmente, com o acúmulo de bagagem etílica – fazem questão de dar ao bar a atmosfera do estado que adotaram, a começar pela comida. Maçã de peito e costelinha de porco estão entre os tira-gostos. O blog esteve por lá no sábado. Eu e a Alessandra fomos atraídos pelo anúncio de um osso buco feito pelo próprio Xóbrio ao comentar um de nossos posts – além disso, conforme regra estabelecida por nossa diretoria, visitas têm que ser retribuídas sob pena de danos à irmandade butequística. O osso buco estava irrepreensível, mas Xóbrio avisa. Parte dos tira-gostos não integra diariamente o cardápio. O negócio, então, é o seguinte: se dirija ao local. O que tiver para comer, coma. Reclamações – sei que elas não existirão – neste blog. O bar dos Porretes fica na esquina das ruas Oeste e Calcedônia. Os amantes do futebol têm espaço garantido no local, mas não adianta insistir para passar o jogo do seu time. A escolha da partida é feita de acordo com o número de torcedores de cada equipe presentes no bar. Exemplo: caso coincidam os horários das pelejas de Cruzeiro e Atlético, e no momento dos jogos houver mais cruzeirenses que atleticanos no estabelecimento, a disputa a ser televisionada será a do time da Toca. A regra vale até mesmo quando o time do coração dos donos do bar estiver para entrar em campo. Ambos, como todo bom brasileiro, são flamenguistas.

Por Leonardo Augusto
Foto: Alessandra Mello

Música de buteco... Calexico

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Na balada do buteco




Prezados leitores, desculpe a demora, mas queríamos presenteá-los com um impagável vídeo da inauguração da boite do Bar do João, mas por problemas técnicos até hoje não conseguimos postá-lo. Por causa disso até agora não entrou nada no blog sobre a inauguração da boite, na útima sexta-feira de janeiro. Enquanto não resolvemos as questões técnicas, segue uma foto da festa e um breve relato dessa noite memorável. Em breve, postaremos o vídeo, que mostra nada mais nada menos que nossos companheiros de blog, Leonardo Augusto e Bernardino Furtado, dançando a la Village People, famosa banda estadunidense, nascida nos redutos gays de Nova Iorque, lá pela década de 70.
A inauguração da boite "bombou". Tanto que no dia seguinte alguns frequentadores do bar retornaram ao estabelecimento para continuar a festa, mas não tiveram sorte na empreitada, pois as luzes da pista de dança só se acendem às sextas-feiras. A inauguração teve trilha sonora especial para o evento. João recebeu seus convidados vestindo um modelito bem despojado, apesar de alguns trajarem passeio completo (terno e gravata). A contagem regressiva para a inauguração das luzes, assinadas por "El papador", começou às 23h. Logo a pista explodiu com pessoas dançando enlouquecidas embaladas por sucessos de várias gerações. Até os doidos que sempre frequentam o bar se espantaram. Mas o ponto alto da festa ficou mesmo por conta de Leonardo Augusto e, principalmente, Bernardino Furtado.
Aguardem...

Por Alessandra Mello

Música de buteco.... YMCA

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O beijo na loira

O buteco personalizado deste buteco

Um dos charmes dos butecos são seus nomes. Existem os clássicos como Bar do João, Bar da Esquina, Bar do Zé, Bar da Ana, Bar do Antônio, Bar do Veio, entre outros que levam a marca de seu próprio dono.
Também existem os sempre criativos que fazem a combinação da palavra “bar”: Barbazul, Barbarela, Bartiquim, Barbados, Barbudos, Ali Ba Bar, Biribar.
Os mais festejados também são os que levam nomes engraçados, numa brincadeira que sempre acaba até marcando o estabelecimento como ponto turístico das amantes de uma boa prosa regada a cevada: Estabelecimento, Bar Iraquiano, Tip Top, Bar Você Que Sabe, TNT Bar, Utopia Bar, Vagalume.
E esse Buteco Virtual também não poderia deixar de ter uma birosca personalizada. Entre os membros da Diretoria, Gustavo e Leo não dariam bons nomes ou combinações criativas ou engraçadas. Coube mesmo aos meus tios Lício e Dalila fazerem a alegria do vasto universo de nomenclaturas. Foram eles que batizaram nosso companheiro: Lenício!
Juro que pensei que nunca encontraria um bar que usasse o nome do nosso companheiro para estampar na sua placa. Ledo engano...
Quem volta do Rio de Janeiro em direção a Minas, já no início da subida da serra de Petrópolis, terá a grata surpresa que tive. Está lá, no cantinho direito de uma curva, o Lenicio´s Bar!!! Um butiquim simples de beira de estrada. Em uma dessas andanças pela cidade maravilhosa, não resisti e parei no Lenicio´s Bar para tomar uma.
A alegria foi dupla, pois nunca imaginei que meu primo Lenício tivesse um homônimo e, também, jamais esperava que o outro Lenício fosse montar logo um buteco!
O Lenicio´s Bar será sempre a nossa parada obrigatória.

Por Gustavo Nolasco (texto e foto)

Música de buteco...Cartola

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A substituição do galeto carioca


Quebrei um tabu nesta minha última visita ao Rio de Janeiro. Há cerca de 15 anos frequentava o que acreditava ser o bar com o melhor galeto na cidade: o Braseiro, na Domingos Ferreira, 214, em Copacabana. E para lá me dirigi no meio e uma tarde de segunda-feira. Cerveja gelada, galeto assado na brasa, arroz, batatas fritas e um vinagrete. Tudo servido em um balcão com não mais que uns trinta bancos, daqueles pregados no chão. Coisa do destino, o bar estava lotado e com fila na porta. Ao ver a cena, minha companheira Alessandra, que quando o assunto é tomar uma e comer bem sempre se movimenta mais do que o normal, teve um rompante e atravessou a rua. Fiquei um tempo parado, esperando o que a companheira ia arrumar. Ela entrou em um local – mesmo estando próximo não consegui identificar qual era –, saiu e deu um berro: "ô, Leo, aqui!". Caminhei e percebi que a companheira tinha encontrado o Craque do Galeto. Não vou jogar fora 15 anos de relação com o Braseiro, mas daquele sábado em diante, passou a ser aquela namorada que você, ao vê-la do outro lado da rua, apenas grita, "tudo bem?". A diferença entre o Braseiro e o Craque é percebida nos detalhes. A comida é basicamente a mesma. No tempero, porém, a mais recente descoberta da Alessandra no Rio dá de dez. O ponto contra no Craque está relacionado à ventilação. O local tem apenas uma porta, é mais comprido que o Braseiro e não tem janelas. A "refrigeração" é feita por um conjunto de ventiladores, ao passo que, no rival da frente, com duas portas e mais próximo da calçada, o calor fica mais ameno. Infelizmente, não temos fotos do Craque do Galeto. A companheira Alessandra, responsável pelo controle da máquina fotográfica, não comprou pilhas para o equipamento. Já as do Braseiro, feitas um dia antes, estão aí.

Por Leonardo Augusto
Fotos:Alessandra Siqueira

Saudades do verão

© copyright by Lenício Siqueira

No verão canadense tudo é diferente. Os bares ficam lotados com mesas nas calçadas, muita gente circulando pelas ruas. As máquinas poderosas, esquecidas na garagem durante o inverno, ficam à mostra pra quem quiser apreciar. Me aguardem, em poucos meses esse velho urso aqui sairá da toca.

Por Lenício Siqueira

Música de buteco... With or without you

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Bodeguita de la revolucíon – Capítulo 2

Restaurante Hanói: a melhor piña colada de Havana

Cuba libre! Um belo rum claro com Coca-Cola. Essa é apenas uma das delícias que a Ilha nos proporcionou nesses anos de História. No primeiro capítulo falei das belas cervejas cubanas, Bucanero e Cristal (http://butecovirtuall.blogspot.com/2009/01/bodeguita-de-la-revolucon-captulo-1.html). Agora não poderia deixar de falar dos famosos drinks cubanos.
Em qualquer bar ou restaurante de Havana, Trinidad, Santiago de Cuba, Cayo Coco, Varadero ou Cayo Largo, você terá uma vasta opção de bebidas. As misturas são todas distintas, mas com um gostinho comum: o sentimento refrescante de brisa, na sombra de uma árvore do Caribe. Aqui apresentamos dois deles, que não são segredo para nenhum brazuca: a Cuba Libre e a Piña Colada.
Dentre todos os drinks cubanos, a Cuba Libre é mesmo a que conquistou fronteiras e é mundialmente conhecida. E quanto a ela – pela sua simplicidade no preparo -, indo a Havana, não se preocupe em procurar um bom lugar para bebê-la. Ela sempre será igual em todos os bares e restaurantes. A diferença será apenas se você for um “Coca-Cola maníaco”, pois são pouquíssimos os lugares em que se vende a Coca-Cola. A Cuba Libre é feita com o perfeito rum cubano (e “perfeito rum cubano” é sinônimo de “qualquer rum cubano”) e Tu Cola, o genérico cubano. O sabor insubstituível do rum cubano compensa a baixa qualidade da Tu Cola.
Já a Piña Colada é uma bebida para se saborear uma, no máximo duas vezes. Geralmente é mais apreciada pelas mulheres, pelo seu gosto doce. A Piña Colada é uma combinação deliciosa de suco de abacaxi, leite de coco, gelo moído (como num frozen) e, claro, rum cubano de primeira. Em Havana, indico um restaurante pouquíssimo conhecido pelos turistas. O Hanói tem a melhor Piña Colada da capital cubana. E para a nossa alegria, o restaurante fica na rua Brasil!!! Bem no centro de Havana. É uma pequena casinha amarela, de esquina, de frente para uma pracinha. É sentar no Hanói, pedir sua Piña Colada e ficar vendo o vai-e-vem das crianças saindo da escola. Não tem jeito: é tomar a primeira golada e sentir o sabor da mais perfeita combinação etílica. O gosto da Piña Colada é uma viagem fantástica aos sabores latinos.
Quem conhece Cuba deve estar lendo e pensando: “esse cara está escrevendo de drink cubano e não fala nada das duas principais combinações etílicas da Ilha!!!”.
Não, companheiro. Guardarei para o próximo capítulo o espaço de destaque que o Mojito e o Daiquiri merecem.

Por Gustavo Nolasco
Foto: Angélica Diniz

Um trem sem fim

A expressão “trem” ,muito usada em Minas, às vezes é difícil de explicar. Por mais que o Aurélio tente. Mas todo bom mineiro que se preza, entende sem pestanejar. A criança quando nasce, já tem um trem apitando nos trilhos do seu inconsciente. É algo que desafia a metafísica. Um verdadeiro trem de doido. Afinal, tudo pode ser um trem. Se a pessoa está com fome, dá logo um jeito de arrumar um trem pra comer. Se está desocupado, diz que precisa arrumar um trem pra fazer. Se é beijada pela primeira vez, diz que sentiu um trem bão dimais. Se a vida apresenta dificuldades, logo vem a expressão que o trem tá feio. E se tá feio, o melhor a fazer é arrumar um trem pra esquecer. Então, entra num buteco e pede logo um trem bem forte pra beber....
O vídeo que segue abaixo, ilustra bem essa prosa de trem que não tem fim. Tem a participação de Tino Gomes, artísta e butequeiro, frequentador do Bar do Batista, na Nova Suiça, em Belo Horizonte.

Por Lenício Siqueira(texto e foto)



Parede de Mictório



Eu bebo quando comemoro e,
às vezes,
quando não há nada
para comemorar.

Por Miguel de Cervantes

Música de buteco... Preta

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Costelinha de porco com farofa de couve

Aqui estão duas iguarias da comida mineira que muito me agradam. Me fazem lembrar do tempo que morei no interior, da fazenda dos meus avós, da boa vida de quem mora pelos recantos de Minas e valorizam a boa comidinha caseira. Uma combinação difícil de ser oferecida nos restaurantes e botecos da capital Belo Horizonte, mas fácil de se encontrar em restaurantes de cidades como Tiradentes (Bichinho), Diamantina, na Serra do Cipó, entre tantos outros que não tem apelo turístico. Se não encontrar no cardápio, basta pedir para a cozinheira que ela faz com maior boa vontade, pois os ingredientes estão logo ali, no quintal dela. Não foram raras as vezes que fiz isso e me dei bem. Agora, em casa, você mesmo pode preparar a sua. Não perca tempo. É muito fácil.

Ingredientes

Tenha à mão, 1 kg de costelinha com bastante carne. Um molho de couve com folhas grandes. Um bom tempero caseiro que contenha sal, alho, coentro e pimenta do reino (para quem não gosta de coentro, use apenas sal com alho e pimenta), além de um bom corante, farinha de mandioca fina, uma cachaça de primeira, cebola e cheiro verde. Você encontra tudo isso no velho e bom Mercado Central de Beagá.

Modo de fazer
Limpar a costelinha, tirando o excesso de gordura. Temperar com a mistura especial, mais molho inglês e três colheres de sopa de cachaça. Deixar marinar por 1 hora. Na panela, dissolver uma colher de sobremesa de corante em uma colher de óleo. Colocar a costela e acrescentar meio copo de água. Deixar cozinhar por 30 minutos e, de vez em quando, regar com água para não secar e grudar na panela.
Assim que a carne estiver cozida, acrescentar mais cinco colheres de óleo para fritar a costelinha. Nesse processo que cozinha e frita, a carne fica corada e não muito escura.
Enquanto isso, lavar as folhas de couve e retirar os talos. Talvez seja o momento mais difícil dessa receita: cortar a couve. Colocar as folhas uma sobre as outras e montar um rolo grosso de forma que as pontas dos seus dedos indicador e polegar não consigam se encontrar. Segurar firme o rolo e, com uma faca bem afiada, começar aparando as folhas para que fiquem do mesmo tamanho. Em seguida, iniciar a laminação da couve em fios não muito finos (para a farofa).
Numa frigideira, aquecer uma colher de óleo, juntar um pouco do tempero que usou na costelinha e pouco de cebola picada e pimenta a gosto. Passar a couve por 1 minuto e, fora do fogo, acrescentar a farinha de mandioca.
Quando a costelinha estiver no ponto, retirar da panela e deixar escorrer no papel. Tá pronta essa delícia. Servir a costelinha rodeada de farofa de couve. Cobrir com cheiro verde e cebola. Serve como tira-gosto ou refeição, acompanhada de arroz branco e tutu de feijão.

Por André Gobira (texto e foto)

Conexão Internacional

A diretoria desse buteco não mede esforços para tentar oferecer o melhor serviço aos seus fregueses. Em contato constante, sempre estão trocando informações. E para isso não existe hora e nem lugar. Seja tomando uma cerveja gelada no calor dos trópicos ou um café com Kahlúa no rigoroso inverno do norte.

Fotos: Alessandra Mello e André Siqueira

Música de buteco...The Doors

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Os odores de um Lagoinha

Desconfio que muitos dos frequentadores assíduos de butecos podem achar uma tremenda frescura. Mas fato é que não tem coisa pior que pedir uma cerveja e na hora da primeira golada, sentir aquele odor nada agradável no seu copo Lagoinha. E olha que o tal cheiro não é exclusividade dos 'copos sujos'. Barzinhos e restaurantes bacanas e bem posicionados no quesito limpeza costumam servir nossa cerveja em copos até esteticamente mais bonitos, mas nada cheirosos.
Perito no assunto, já que possui o membro olfativo bastante avantajado, Gustavo Nolasco, ou Gugu de Mariana para os íntimos, sempre chama a atenção para o fato. Segundo ele mesmo diz, é um cheiro de pano molhado, aquele mesmo que o garçom costuma passar nas mesas para dar aquela garibada. Por ser privilegiado, as narinas de Gugu captam de longe a fragrância, sendo mais confiáveis que um teste feito pelo Inmetro.
Agora, o que fazer numa hora dessas? Imagino que butequeiro que se preze, não vai reclamar do cheiro do copo Lagoinha...
Portanto, vai aí a dica do especialista: quando se deparar com o aroma de pano sujo, prenda a respiração e espere, porque na terceira ou quarta golada, o cheiro some (ou o nariz se acostuma).

Por Angélica Diniz
Foto: Alessandra Mello

A Vênus dourada

O uísque é, sem dúvida, a unanimidade entre os amantes de um bom trago. É uma bebida sedutora e sofisticada. E também perigosa. Definitivamente, o seu consumo não é um terreno para amadores. E a cautela é sempre a melhor conselheira. Falo isso com conhecimento de causa, pois já me deixei cair nas graças do destilado. Logo eu, um ingênuo e moderado consumidor de cerveja.
Estava participando de uma festa importante, por onde desfilavam bandejas do mais fino scotch. Não suportei a tentação e me curvei a essa vênus dourada em forma líquida. O que me rendeu, numa madrugada chuvosa, um carro enfiado num poste, alguns cortes na boca e uma “tromba de anta” causada pelo inchaço no lábio superior. Além do prejuízo e os arranhões, não me restaram maiores traumas. Mas o recado foi dado.
O RYE CANADENSE

Traumas à parte, apresento aos blogueiros, devotos da bebida, o uísque canadense. Conhecido como rye (centeio em inglês) é bem semelhante ao bourbon americano. Na sua fermentação é usado o centeio em grãos, juntamente com o centeio fermentado, mais o milho e a cevada maltada. Trata-se de um uísque de misturas, que apresenta uma característica mais leve e menos encorpada. A maturação é feita em tonéis de carvalho por onde já passaram os bourbons.

A província de Ontário é conhecida como o berço do rye. Foi na cidade de Kingston, entre Toronto e Ottawa, que foram criadas as primeiras destilarias canadenses, na metade do século XVIII. As marcas mais populares são o Canadian Club e o Crown Royal. Um outro rye também famoso por aqui, é o Alberta Premium, produzido em Calgary, na província de Alberta. Ele foi o vencedor por duas vezes consecutivas (2006 e 2007) como o “Whisky Canadense do Ano”.

Por Lenício Siqueira

Parede de Mictório


O uísque é o melhor amigo do homem,
Ele é o cachorro engarrafado

Por Vinicius de Morais


John's Lounge

A cena noturna de Belo Horizonte muda a partir desta sexta-feira, 30. O renomado Bar do João inaugura, depois de uma série de investimentos, o John's Lounge, casa que tem como destaque um sofisticado sistema de iluminação desenvolvido sob encomenda no Japão. O som será comandado pelo DJ Jurassic Rock, que já se apresentou em Paris, Londres, Rio de Janeiro e Felixlândia. A John´s Lounge fica à rua Tomé de Souza, 810, Savassi. A inaguração está prevista para as 23h.

Por Leonardo Augusto(texto e foto)

Música de buteco...Placebo/ThePixies

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Novo golpe nos bares

Se não bastasse a turma que compra fiado e nunca paga e os brigões da madrugada, os bares de Belo Horizonte estão sofrendo com uma nova modalidade de golpe na praça. O malandro liga para os bares, se passando por funcionário de distribuidoras, e oferece um carregamento de cerva com preço baixo. Prontamente, o dono do estabelecimento aceita a compra e manda entregar.
Quando o caminhão se aproxima do bar, o malandro, de butuca na esquina, se apresenta aos funcionários da distribuidora como sendo garçom, e começa a ajudar no descarregamento das caixas. É um golpe ousado: o dono do bar acha que o malandro é da distribuidora e os caras do caminhão acham que ele é garçom do bar.
No meio dessa confusão, o malandro aproveita o descuido dos funcionários da distribuidora e faz a cobrança junto ao dono do bar, que paga ao receber uma nota – fria, claro.
Quando os verdadeiros funcionários da distribuidora vão receber pela encomenda, o dono do bar anuncia que já pagou e aí se descobre o golpe. Nisso, o gaiato já está longe...
A malandragem está à solta e a polícia só comendo salgado na porta de padaria! Por outro lado, como diz minha amiga Alessandra: “tem dono de bar que até encomenda de girafas está aceitando”....

Por Gustavo Nolasco
Arte/Anúncio: Lenício Siqueira

Hibernação glacial

A foto acima foi enviada pela freguesa de carteirinha, butequeira profissional, Cristina Martins.
Ao ver a foto do meu freezer, ela também fez questão de mostrar o seu. Vejam como as latinhas estão enterradas na neve ,em hibernação glacial, já doidinhas para serem consumidas.
Cristina também é outra louca que veio aventurar aqui por essas terras geladas.
A diretoria agradece pela sua participação!

Por Lenício Siqueira

Música de buteco... Mercedes Benz

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

O blond do Leblon

Da prospecção de butecos feita pelo blog no Rio de Janeiro surgiu o Bar Clipper, no Leblon. Estava na região no início de uma tarde meio naquela: "quero um chopp agora e não vou pensar para onde vou". Olhei para o lado, tava lá o Clipper, na Carlos Góes, 263.
Mesinhas dentro e fora do bar, tudo normal, não fosse o "seu" João, o tirador de chopp do buteco. Amigos e amigas, nunca vi nada igual. O cara tira três garotinhos – aquele chopp de 200 mililitros para iniciantes – e dois de 300 em dez segundos. Não estava pensando em cronometrar, mas era tão rápido que tive que conferir no relógio.
Não bastasse, entre um e outro pedido que chega para o "seu" João, é ele mesmo quem abastece o gelo da choppeira. Puxei papo e ele respondeu. "Estou aqui há 20 anos". Modesto ele. Tinha tudo para dizer: "sou bom demais nisso".
O mais impressionante é o tamanho da espuma, idêntica em todos os copos, lá na casa de um dedo e meio para o garotinho e de dois dedos para o de 300. Fiquei por lá por aproximadamente uma hora, para ser mais preciso, pelo tempo de sete de 300. E, em momento algum, vi o garçom com aquela solicitação complementar: "sem colarinho", "pouco colarinho", sinal da experiência dos frequentadores e da confiança no "seu" João.
Se quiser incomodar seu estômago com sólidos, como diria meu amigo Bernardino Furtado, peça um bolinho de bacalhau.

Por Leonardo Augusto (texto e foto)

Mr. Burns ataca loja de conveniência

Mr. Burns, um dos eloquentes frequentadores do Bar do João, foi visto numa hora avançada da noite do último domingo com a usual long-neck na mão, o corpo pendendo para frente, como sempre, e, para eliminar qualquer dúvida sobre a identidade, falando muito. Estranho apenas o local: a loja de conveniência de um posto de gasolina nos arredores da Praça da Savassi.
A testemunha supõe que seja hábito novíssimo de Burns, a julgar pela atenção que lhe davam os dois atendentes da loja postados junto ao caixa. Todos sabem que já na segunda visita deste falante senhor a qualquer estabelecimento, a reação das pessoas é tapar os ouvidos e virar as costas. A culpa do expansionismo geobutecal de Burns é do João da Savassi e outros comerciantes relapsos que não abrem seus estabelecimentos aos domingos.

Por Bernardino Furtado
Foto:Davi Cavalera

De dentro da geladeira

De uma coisa eu não me queixo...
Com um freezer desse tamanho, cerveja gelada é o que não me falta por aqui.

Por Lenício Siqueira

Música de buteco...Led Zeppelin

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O sobrevivente distrital

Belo Horizonte já foi a capital dos mercados, com suas bancas de frutas, produtos da roça, casa de carnes e de bugigangas mil e, é claro, butecos. Mas hoje esta tradição da capital mineira vem agonizando. Os mercados distritais do Barroca e o do Santa Tereza já eram. O do Cruzeiro, que existe desde 1974, não fechou ainda graças à resistência dos comerciantes.
A tática do poder público é estrangular as lojas para que aos poucos todas baixem as portas. Mas se depender dos frequentadores, pelo menos do Bar e Lanchonete do Júnior, um dos remanescentes do Distrital do Cruzeiro, isso não vai acontecer tão cedo. Motivos não faltam.
O bar, responsável pela única esquina do mercado (fica bem no meio de um dos quarteirões do conjunto, dividindo a passagem em duas) é um ponto de encontro de moradores da região, que se reúnem em uma confraria etílico-gastrônomica todos os sábados. É só se aproximar, que logo alguém já puxa papo e fica íntimo. A cerveja e o tira-gosto podem ser degustados no balcão, uma moda restrita quase que exclusivamente aos botecos de mercado, já que em Beagá a maioria dos bares serve apenas nas mesas. A iguaria mais famosa do local é um pernil delicioso temperado com vinho, pimenta malagueta e alecrim.
Mas se você quiser pode comprar um queijinho em uma das bancas do mercado que a turma do bar corta e tempera na hora, sem problema. O estabelecimento funciona desde 1988 e leva o nome de seu dono, filho de antigos comerciantes do mercado.
Com a morte súbita do Tatiara Petiscos muitos de seus frequentadores migraram para lá. Só que o Bar do Júnior não vara madrugada adentro, pois o mercado fecha no fim do dia, mas é uma ótima pedida para uma tarde de sábado.

Por Alessandra Mello (texto e foto)

Música de buteco... Cat Stevens

Sábios contemporâneos

“... e após nos perdermos por uma estrada de terra bruta, conhecemos o cearense Edmílson, dono de um buteco/mercearia no meio do nada. Indignado com a situação do país, em especial dos rumos da agricultura, ele deixa a seguinte pergunta: E no futuro? As crianças vão beber suco de cana e comer pão de eucalipto?”

Por Leo Drumond (texto e foto)

A sabedoria popular faz dos butecos verdadeiras bibliotecas. Esse recorte acima é um trecho do relato do fotógrafo-viajante Leo Drumond – meu parceirão em diversos trabalhos - durante seu projeto Beira de Estrada. Em 2007 e 2008, ele percorreu as rodovias mineiras documentando o universo da Beira de Estrada, nome do seu projeto que pode ser visitado no site www.beiradeestrada.com.br. O Beira de Estrada foi também transformado em livro, a ser lançado ainda este ano. Obra da qual tive o prazer de escrever o texto de encerramento.

Por Gustavo Nolasco

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

O maior ídolo do futebol mineiro

Sei que serei criticado por não falar de bebida nesse comentário. Mas foi preciso escrevê-lo para responder a vários questionamentos sobre a falta do assunto “futebol” neste buteco. Já adianto que futuramente irei unir os dois assuntos em novo comentário sobre a proibição de venda de bebidas nos estádios.
Pois bem. Apesar de ser o membro desta Diretoria que menos entende de futebol, coube a mim tratar do tema ligado a esse esporte bretão, na sua versão mineira: o Tropeirão do Mineirão.

Para os moradores d’além montanhas das Alterosas, explico que o estádio Magalhães Pinto (Mineirão) é onde são disputadas as grandes partidas de Cruzeiro e Atlético. E como todo estádio de futebol, tem suas barraquinhas, bares e petiscos tradicionais.

Ao contrário do Lenício - que assim como Zico e Garrincha, parou de bailar nos gramados por problemas no joelho - e do Leo - baluarte da cobertura esportiva da várzea mineira -, conheço poucos estádios. Fui apenas a alguns no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Goiás. Mas posso afirmar sem medo de errar: em nenhum estádio do mundo existe um petisco tão saboroso e fino como o Tropeirão do Mineirão.

A receita é simples: arroz, feijão tropeiro, bife de porco, couve, ovo, torresmo e molho de tomate. É de comer de joelhos, mas geralmente se come mesmo sentando nas arquibancadas antes dos jogos de Cruzeiro e Atlético.

Por questão de segurança, nos bares do Mineirão não são disponibilizados garfos ou facas. Come-se mesmo de colher. E para partir o bife? Simples: junte as duas pernas, coloque o prato sobre elas, segure o bife com uma mão em cada ponta e parta. Com o dente!

Outra medida de segurança adotada há cerca de cinco anos foi a substituição do marmitex de alumínio por pratinhos de plástico. Horrível!!!! Protestei durante vários jogos, mas sem sucesso.

A medida foi tomada porque vários laterais de qualidade futebolística questionável eram vítimas de verdadeiras “pedradas” na cabeça, arremessadas por torcedores exaltados. Neste caso, a pedrada era o marmitex com o restinho de Tropeirão bem embrulhado e lançado dentro do campo.

Nunca fiz isso. Não porque gostava de todos os laterais do Cruzeiro, mas sim porque nunca deixei sobrar um grão de arroz sequer do meu Tropeirão.

PS: A Diretoria agradece a gentileza da fotógrafa Ana Letícia que nos cedeu essa foto do insubstituível Tropeirão. Apesar de atleticana, tem a nossa admiração pelo seu trabalho e ficamos felizes por tê-la como nossa freguesa de carteirinha. Seu blog "Mineiras,uai!" já está no menu "Sugestão do dia". Um espetáculo de bom gosto! Valeu, sofredora...ops, atleticana!

Por Gustavo Nolasco
Foto: Ana Letícia

Música de buteco... Manu Chao

Bomba! Exclusivo!


Nova lei de prevenção a incêndios
de Belo Horizonte
cadastra cachaceiros de fogo
e torna extintor
equipamento obrigatório
e de uso individual.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Parede de Mictório


O boteco é ressoante
como uma concha marinha.
Todas as vozes brasileiras
passam por ele.

Por Nelson Rodrigues

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A arte de beber

Na pausa para o cafezinho, vamos falar de uma cerveja diferente. Apresento a Coffee Porter, fabricada pela Mill Street Brewery. Uma pequena cervejaria localizada em Toronto, no Canadá.
Essa cerveja pode parecer, a princípio, bizarra para o nosso gosto. Mas o aroma é muito familiar. Por ser uma porter, pressupõe-se que seja uma cerveja encorpada e com sabor marcante. Até aí, nenhuma novidade. O inusitado está na maneira que ela é fabricada.Usa-se café torrado no processo de fermentação. O resultado é fascinante. Os sabores são bem equilabrados. Eu arriscaria dizer que lembra uma Guinness com um toque matinal. Não se trata de uma cerveja para ser consumida em rodadas de buteco nas noites quentes de verão. É mais indicada como sobremesa depois de um bom jantar. Os especialistas recomendam tomá-la acompanhada de um pedaço de chocolate meio amargo de boa qualidade.
Vale à pena apreciar todos os detalhes dessa bebida: aroma, cor e sabor. Se você fechar os olhos e cheirar a cerveja sentirá tanto o aroma da cevada como do café. O que pode provocar uma confusão mental. Pois não saberá se está no Café Nice em Belo Horizonte, ou no buteco que costuma frequentar na esquina de casa.

Por Lenício Siqueira (texto e foto)

Música de buteco...Juvenar

Reflexão

Integrantes da Diretoria do blog no Brasil discutem a relação entre Karl Marx e Lênin sob o ponto de vista semiótico

Foto: Titanic(fotógrafo e garçom)

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Pela sobrevivência da alma etílica carioca

Volto preocupado do Rio de Janeiro. Temo pelo futuro dos butecos da cidade. Constatei que a turma com mais de 30 anos é a única a frequentar os bares mais tradicionais que existem por lá. Aqueles onde você vai para comer um tira-gosto que não existe em outro lugar ou para beber o chopp tirado com eficiência também exclusiva. O pessoal mais novo, quando não está tomando Guaraviton, mate ou comendo açaí com banana naquelas lanchonetes "geração saúde", passa algumas poucas horas nesses bares pasteurizados tipo Devassa, Belmonte e Espelunca Chic. Todos iguais, sem alma.
Sem renovação, resta a extinção. Mas, senhores, partirá de Minas a saída para evitar a até agora iminente quebradeira dos nossos butecos cariocas. Vamos organizar caravanas quinzenais à terra de Tom e Vinícius. Partiremos com 30, 40 – quem sabe quantos serão movidos por esta causa? – companheiros com o objetivo exclusivo de evitar que o Rio perca a parte mais nobre da sua efervescência etílica.
A primeira parada está aí acima. O Bar Barata Ribeiro, na esquina das ruas Barata Ribeiro e Barão de Ipanema, em Copacabana. Fundado há 40 anos, ainda resiste, mas, hoje, sequer ostenta uma placa. A clientela se resume a alguns poucos companheiros entre 60 e 70 anos que diariamente deixam suas digitais em várias tulipas do bar, preenchidas sempre com chopp gelado, mesmo às 8h30. Apesar do zelo, nada que possa trazer esperança para o bar.
Por aqui, senhores, começa nossa odisséia.

Por Leonardo Augusto (texto e foto)

Quebrando a balança

A eficiente balança de pesar tira-gosto do Bar do João pifou na semana passada. A culpa foi do Bernardino Furtado, provável futuro comentarista desse blog, que inventou moda e há um ano só bebe conhaque no quilo. A máquina não aguentou tanto serviço.

Por Leonardo Augusto
Foto: Gustavo Nolasco