segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Bodeguita de la revolucíon – Capítulo 3


Em Havana, tinha todo um roteiro de lugares que levei anotado para conhecer. Por outro lado, pisando na Ilha, criei um outro roteiro para uma tarefa que estava na minha cabeça: derrubar a tese de um monstro da literatura mundial. E a minha luta era provar que Ernest Hemingway estava errado ao escrever na parede do mais famoso buteco de Cuba a seguinte frase: “my mojito in La Bodeguita / my daiquiri in El Floridita”.
O daiquiri é uma bebida simples e pode ser comparada à nossa caipirinha, levando apenas rum branco, suco de limão e uma pitada de açúcar. Não é drink que se toma de forma corriqueira entre os cubanos. É mais para restaurantes voltados a turistas e hotéis. Por já conhecê-la, preferi me ater ao mojito para tentar desmascarar o mestre da obra marcante “O Velho e o Mar”, que por ter sido frequentador assíduo, transformou o bar Bodeguita del Medio e o restaurante La Floridita nos mais famosos de Cuba.
Assim como Che e o charuto são os maiores garotos-propaganda do regime cubano, o mojito também tem seu lugar. A bebida é uma combinação perfeita para o paladar em ambientes quentes, como é o caso do Caribe: run branco, suco de limão, açúcar, água e hortelã. Em Havana, as pessoas costumam dizer que o cubano já sai da barriga da mãe sabendo dançar, cantar e tocar um instrumento. Poderia também ser verdade dizer que todo cubano, ao chegar à adolescência, sabe fazer um mojito.
Na minha tarefa árdua de desmentir Hemingway, tomei mojitos em vários lugares: hotel, bares, shows, lanchonetes, restaurantes etc. Após uma semana, podia dizer que era um profundo especialista na bebida.
Agora faltava a prova de fogo: tomar o mojito do La Bodeguita del Medio. Lá, o barman prepara, numa só tacada, 20 mojitos sem qualquer dificuldade. Ele o faz no balcão do bar mesmo.
Consegui arrumar um cantinho na Bodeguita – lotada de turistas europeus e suas câmeras irritantes –, paguei quatro pesos convertidos pelo meu mojito e degustei.

Desculpe, Hemingway, por desconfiar de ti.

Por Gustavo Nolasco

3 comentários:

  1. bebendo esses drinques divinos na imaginação convido os prezados mineiros a lerem em meu blog a homenagem que fiz ao líder de vcs, o Aecinho... hehehe... abs

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  2. Parabéns pelo blog...realmente divinos os drinques.

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  3. Gustavo, na Bodeguita Del Médio bebi meu mojito, peguei receita, fiquei doida com a bebida refrescante e adorável. Vim fazer em casa junto a uns amigos do Diário da Tarde, com o rum cubano e tudo que ntinha direito. Ficou um mhorror. Faltava a poesia da simplicidade das ruas de Cuba, Hemingway(que hoje é só monumento) faltava o velho Compai do Social Club. Mas seu cometário encheu-me de saudade da delicadeza do sofrido povo cubano, das ruas de Havana Velha, do café com gosto de nada. Porque Cuba é assim. Muitos a visitam, poucos a sentem.Beberemos qualuer hora um mujito à minha moda. Grande abraço.

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